Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2023

Breve Introdução: Deus e o Raciocínio Lógico

Imagem
  Deus e o homem existem em níveis metafísicos distintos. À diferença entre esses níveis Van Til chamou de "distinção Criador-criatura". Esta distinção manifesta-se também na natureza do conhecimento de Deus e na natureza do conhecimento do homem.  Van Til sustentou que o pensamento de Deus é dotado de coerência perfeita. Deus não age ilogicamente nem existe n'Ele qualquer incoerência. Para que os homens conheçam os fatos, então, eles também devem pensar coerentemente e com consistência lógica. " A lei da não-contradição, portanto, como a conhecemos, é a expressão em nível criado da coerência interna da natureza de Deus", escreveu Van Til. "Os cristãos devem empregar a lei da não-contradição, seja positivamente ou negativamente, como um meio pelo qual sistematizar os fatos da revelação, sejam esses fatos encontrados no universo em geral ou nas Escrituras ". [Bahnsen, 268.] Diferentemente do não-Cristão, o cristão vê a lógica como um reflexo do pensamen

A FALSA DIVINDADE DO KANTISMO

Imagem
Para a maior parte das pessoas que vêm a crer na existência de Deus é fácil aceitar que com essa crença também vem a autoridade intrínseca do Criador. Não obstante, um ateu filosoficamente autoconsciente terá mais dificuldade para aceitar a autoridade natural de Deus. Cristãos e não-Cristãos têm diferentes cosmovisões. Eles têm diferentes sistemas inteiros, com diferentes pressuposições, diferentes metafísicas e diferentes epistemologias.  Para o não-Cristão, a realidade é controlada pelo (ou é uma expressão do) Acaso. A essa suposição do incrédulo Van Til chama de "irracionalismo". Ao mesmo tempo, o não-Cristão pressupõe que a realidade é totalmente determinada por leis às quais seu pensamento é ultimamente idêntico. A essa segunda suposição do incrédulo Van Til chama de "racionalismo". O descrente, portanto, tem um sistema que é ao mesmo tempo racionalista e irracionalista. Sobre estas pressuposições, o não-Cristão que busca ser consistente jamais aceitará a autor

RAÍZES HISTÓRICAS DO PRESSUPOSICIONALISMO VAN TILIANO

Imagem
Toda epistemologia, toda teoria do conhecimento, tem uma base metafísica, i.e., descansa sobre um conceito de ser. Mas também sobre uma fé pré-teórica, com respeito à autoridade última. Todo ser humano começa com um ato de fé e raciocina segundo essa fé.  O descrente começa com uma fé que nega Deus. Descartes começou com a existência de si, para só depois tentar provar a existência de Deus. A existência de Deus seria ou não comprovável por sua epistemologia. O cristão, de outro lado, começa com a crença de que Deus é.  Nos primeiros séculos é muito difícil encontrar autores que tenham desenvolvido um sistema epistemológico, mas há casos dignos de atenção e menção. Van tilianos assumem que a epistemologia não-cristã entrou muito cedo na igreja, com os convertidos oriundos da Grécia e de Roma. Muito comumente eles traziam suas pressuposições consigo. Um exemplo é Justino Mártir (110 a 165d.C.), um teólogo que merece não apenas respeito, mas honra em diversos aspectos.  Justino foi um do

Breve Introdução: Argumentos Transcendentais.

Imagem
O encontro apologético envolve um choque de cosmovisões que são opostas uma a outra e às quais os indivíduos se apegam com seus corações. Essas cosmovisões determinarão como evidências, argumentação e mesmo conceitos e fundamentos como possibilidade e lógica são pensados e interpretados. No método van tiliano, i.e., na Apologética Pactual , o conflito entre cosmovisões começa a ser resolvido transcendentalmente. Por "transcendental" nós não queremos dizer o mesmo que "transcendente". Argumentos transcendentais pertencem ao transcendente, mas apenas no sentido de que há crenças que servem como mais básicas ou fundacionais para outras e que não podem ser negadas em certo sentido. Essas crenças são pré-condições para a experiência inteligível, crenças transcendentais , e são apenas nesse sentido transcendentes, no sentido filosófico. (A despeito disso, realmente existe um sentido em que essas crenças também envolvem transcendência no sentido teológico tradicional.) A

UMA CRÍTICA VAN TILIANA AO ARGUMENTO COSMOLÓGICO KALAM

Imagem
Antes de mais nada, eu quero deixar claro que eu não menosprezo o Dr. William Lane Craig . Eu não sou soberbo a ponto de pressupor que eu sou mais filosoficamente capacitado do que ele. Não passo de um aprendiz do Dr. Cornelius Van Til . Este post existe porque eu não sei como o Dr. Craig responderia ao que aqui será exposto. Eu também quero deixar claro, não obstante, que eu acredito que o Argumento Cosmológico Kalam [ACK] conduziu muitos ateus à crença em Deus. Não nego esse fato. Mas eu acredito também que o ACK é eficiente apenas contra ateus que não são versados em filosofia. Isto significa que, apesar da aparente eficiência que tal argumento demonstra ter na mente das pessoas "comuns", ele não é necessariamente um argumento que supre requisitos filosoficamente mais profundos. E tenho em mente mais especialmente o tipo de objeções e requisitos que seriam levantados por David Hume e Immanuel Kant.  Podemos resumir o argumento da seguinte forma: 1. Tudo o que começa a exi

O Método de Van Til Conduz ao Relativismo Religioso?

Imagem
É velha a acusação de que o método de Cornelius Van Til conduz a um relativismo religioso porque [supostamente] toda e qualquer religião poderia reivindicar uma abordagem semelhantemente pressuposicionalista. Se este fosse o caso, assume-se, a Apologética Pactual  (ou "Pressuposicionalista") seria inefetiva. Não obstante, é nossa defesa que nenhuma outra religião pode reivindicar o método van tiliano porque lhes faltam os pressupostos necessários que tornam a Apologética Pactual necessária. E é nossa defesa que mesmo religiões que reivindicam para si alguma forma de revelação, como o judaísmo e o islão, não podem resolver todos os problemas da experiência humana — isto é, não preenchem os requisitos necessários para tornar a experiência humana inteligível. É nossa argumentação que a Epistemologia Revelacional , que embasa a Apologética Pactual, só é possível na cosmovisão Cristã. E por "cosmovisão Cristã" estamos nos referindo especificamente à Tradição Reformada.

Van Til: Sobre A Revelação Geral

Imagem
John Frame enfatiza a importância de entender-se que os diversos aspectos do pensamento de Cornelius Van Til só podem ser compreendidos em profundidade como sistema, i.e., com respeito à relação interna dos diversos aspectos. A visão de Revelação Geral do holandês está ligada à sua visão da soberania de Deus, porque todo fato é criado e interpretado por Deus desde antes da fundação do mundo, de forma que todos os fatos em determinada medida revelam os decretos de Deus, sendo, por causa dos desígnios divinos, também racionais. Ao contrário do que afirmam os críticos, Van Til tinha uma defesa sólida e importante da Revelação Geral. Para ele, a Revelação Geral era necessária, autoritativa e eficiente em seu propósito (revelar a glória, o caráter e a vontade de Deus). Os terremotos e maremotos, por exemplo, revelam a Ira de Deus. As chuvas são bençãos de Deus sobre a terra.  A apologética van tiliana pressupõe essa revelação geral: o não-cristão tem informações suficientes sobre Deus, ind