Breve Introdução: Argumentos Transcendentais.



O encontro apologético envolve um choque de cosmovisões que são opostas uma a outra e às quais os indivíduos se apegam com seus corações. Essas cosmovisões determinarão como evidências, argumentação e mesmo conceitos e fundamentos como possibilidade e lógica são pensados e interpretados.

No método van tiliano, i.e., na Apologética Pactual, o conflito entre cosmovisões começa a ser resolvido transcendentalmente. Por "transcendental" nós não queremos dizer o mesmo que "transcendente". Argumentos transcendentais pertencem ao transcendente, mas apenas no sentido de que há crenças que servem como mais básicas ou fundacionais para outras e que não podem ser negadas em certo sentido. Essas crenças são pré-condições para a experiência inteligível, crenças transcendentais, e são apenas nesse sentido transcendentes, no sentido filosófico. (A despeito disso, realmente existe um sentido em que essas crenças também envolvem transcendência no sentido teológico tradicional.)

Argumentos transcendentais não são particularidade do Teísmo Cristão. Eles têm uma longa história na filosofia. Argumentos transcendentais pertencem às pré-condições da experiência humana inteligível. Eles são geralmente oferecidos diante dos desafios do ceticismo. Argumentos transcendentais têm algumas características distintivas. Nós podemos dizer que argumentos transcendentais geralmente mostram que em ordem de alguém ser capaz de negar algo como, por exemplo, as leis da lógica, esse alguém precisa afirmar as mesmas leis da lógica em sua negação. Isto é, quando um pós-moderno nega a lógica, ele o faz através do uso da lógica. Se negamos a lógica, então não existe distinção real entre negação e afirmação de nada. O argumento transcendental funciona em virtude da "impossibilidade do contrário"; ou seja, seu oposto leva ao absurdo. No exemplo dado, as leis da lógica são a pré-condição para a negação da existência das leis da lógica. 

A respeito do termo "impossibilidade do contrário", pelo termo "contrário" queremos dizer a negação de algo. O termo está sendo usado de uma maneira informal, e não em um sentido filosófico. No sentido filosófico e lógico, "contrários" não podem ser ambos verdadeiros, mas podem ser ambos falsos. Aqui, queremos dizer que se o contrário de uma posição é falso ou impossível, então a posição original deve ser verdadeira ou necessária.

Como dito antes, transcendentais pertencem às pré-condições da experiência inteligível. Negar a existência da lógica é ininteligível. Não faz sentido. A lógica é a pré-condição da experiência inteligível (em relação à sua negação, como no exemplo). Apenas uma das opções, lógica ou não-lógica, provê a pré-condição para experiência inteligível. Se a lógica é a pré-condição para experiência inteligível em termos de pensamento, então a não-lógica não pode ser a pré-condição de inteligibilidade. Nós podemos demonstrar que a lógica é uma pré-condição suficiente para inteligibilidade em termos daquelas coisas que relacionam-se diretamente à lógica. Não-lógica não pode ser ao mesmo tempo condição de experiência inteligível. Então, ao rejeitarmos o oposto de qualquer coisa nessa visão através da produção de um absurdo ilustra que qualquer que seja a coisa que estejamos tentando provar não é apenas suficiente, mas necessária. 

Todo o argumento de Van Til se resume a demonstrar que Deus e Sua Palavra são pré-condições para a inteligibilidade de toda a experiência humana.


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